quinta-feira, 3 de junho de 2010

Escritores da Liberdade - Análise

** Escrevi esta análise após assistir ao filme "Escritores da Liberdade". O texto foi encaminhado ao fórum de discussão da disciplina de "Metodologia do ensino de Língua Portuguesa", ministrada pela professora Marilete.

Sou avesso a filmes com esta temática. Ora minimizam os problemas encontrados pelo professor em sala de aula, ora utilizam clichês manjados que os remetem a um campo de batalha. Mas, desta vez, dou o braço a torcer: "Escritores da liberdade" conseguiu a proeza de me cativar o espírito, a ponto de eu me debulhar em lágrimas em vários trechos da história. Ainda bem que as luzes da sala de vídeo estavam apagadas.


É preciso praticar o exercício da empatia e colocar-se no lugar da professora "Erin". Ao analisar a sua trajetória no decorrer do filme, lembrei de uma frase célebre do cantor e compositor “Raul Seixas” que diz: “Sonho que se sonha só é apenas um sonho; um sonho que se sonha junto é realidade". Os pesadelos de "Erin" surgiram à medida que precisou resistir à rejeição dos alunos, sentiu a descrença do corpo docente em relação ao seu trabalho e enfrentou o fim de seu malfadado casamento. Em princípio, ninguém quis viver o sonho. Tornou-se conveniente criticá-la, desencorajá-la ou acusá-la de contraventora. Não sei dizer se serei um mártir, disposto a sacrificar a minha vida pessoal, bater de frente com meus superiores ou me expor à violência nos guetos dos grandes centros urbanos. Contudo, dentro de minhas possibilidades, farei o que estiver ao meu alcance para desempenhar satisfatoriamente o meu papel de educador. Consciente da importância social que isso implica. Por mais piegas que seja a frase, sim: "ensinar é um ato de amor". Amor ao próximo, amor à educação e a si próprio. Professor, na verdadeira acepção da palavra, não se deixa desmotivar pelo valor impresso em seu holerite. Lida com as agruras do dia-a-dia com galhardia, utilizando de maneira criativa os poucos recursos didáticos que tem em mãos. Se optou pela educação deveria supor que não há como enriquecer através dela.


Desde tenra idade quero lecionar Língua Portuguesa. Começar o curso de Letras na USC foi o primeiro passo na realização deste sonho. Não sou ingênuo a ponto de acreditar que a minha prática pedagógica será pautada apenas pelo êxito. Encontrarei os mesmos obstáculos que a personagem do filme. O principal deles talvez seja o desinteresse dos alunos, o que tolhe a motivação de qualquer professor, por melhor que seja o profissional.


São vários os aspectos interessantes do filme. Vamos a eles!


É preciso partir do pressuposto de que a violência retratada está distante da realidade brasileira. Embora, permanecer indiferente à responsabilidade de ensinar seja tão cruel quanto apontar uma arma. Covardia da brava!


Se os professores soubessem da importância da Literatura no processo de aprendizagem de seus alunos, atingiriam com maior rapidez os objetivos das disciplinas ministradas. "Erin" inseriu os livros no cotidiano de sua turma de maneira perspicaz. Partiu da realidade, incitando-os a ler uma obra situada dentro do contexto da violência e logo após passou aos clássicos da literatura universal. Cultivou-se o hábito da leitura e seu refinamento. Teorias do DCN apresentadas na aula de "Metodologia da Língua Portuguesa" defendem essa idéia.


Usou como pano de fundo a história de vida dos educandos para despertar-lhes o gosto pela escrita. Os cadernos que narram as agruras da vida de cada um é o exemplo de que escrever é uma válvula de escape, capaz de transformar a tristeza em momentos de reflexão. Assim que ingressei no curso de Letras criei um BLOG e o utilizo para discutir questões literárias, escrever contos, crônicas, sátiras bem humoradas e falar “abobrinhas” (www.mundodasletras-vinigupi.blogspost.com). Em sala de aula, pretendo utilizar esta ferramenta com meus alunos. Extrair deles a capacidade criadora manifestada através da palavra escrita.


Não quero ser um blefe. Tento me esmerar em minha formação para desempenhar de maneira honesta a missão que me será incumbida. Mas reconheço que a bagagem teórica da universidade não me dá todos os subsídios para ser um bom professor. Penso que a sensibilidade é um dos requisitos indispensáveis ao magistério. Isso tenho! Embora precise saber quais serão os meus limites na relação diária com meus alunos. A minha principal virtude é a paciência. É um bom começo!


O filme me conquistou!


A minha vida mudou assim que me apaixonei por Literatura.


Quero agradecer aos meus amigos do curso de Letras por caminharem ao meu lado nesta jornada e, em especial, à professora Marilete que não se manteve em seu pedestal como muitos docentes e tornou-se acessível a todos os alunos. Os comentários que fez em meus seminários apenas enalteceram a apresentação.


Obrigado!


"Não é possível refazer este país, democratizá-lo, humanizá-lo, torná-lo sério, com adolescentes brincando de matar gente, ofendendo a vida, destruindo o sonho, inviabilizando o amor. Se a educação sozinha não transformar a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda." (Paulo Freire)

3 comentários:

Unknown disse...

realmente, o Brasil precisa de milhares de professoras Erin dentro das salas de aula para fazer a diferença em nosso país! uma cena emocinante do filme é qdo a profª faz a dinâmica em que passa a faixa vermelha na sala de aula, e eles participam.
a propósito, tbm assisti este filme na última quarta-feira!
abraços

*Rafa Miarelli disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
*Rafa Miarelli disse...

Olá...Parabéns pelo texto e pelos ideais que defende.Concordo contigo quando diz que a literatura uma das formas mais eficazes no desenvolvimento criativo dos estudantes ,e completo, a literatura é arte e arte é essencial a nossa existência, sem ela não a escape! ;)Bom sorte e sucesso!