terça-feira, 9 de dezembro de 2008

F E L I C I D A D E

Dissertação escrita para a oficina de "Leitura e produção textual", ministrada pela fenomenal Professora Cinthia.


A FUGACIDADE DA FELICIDADE

Vinícius Gustavo Pinheiro Guimarães
Letras/ Inglês


A FUGACIDADE DA FELICIDADE

"Tristeza não tem fim”, escreveu “Vinícius de Moraes”, numa de suas
composições. E completou: “felicidade, sim”. Partindo deste pressuposto,
como é possível que muitas pessoas pensem que a felicidade é um estado de
espírito permanente, sendo tão frágeis diante das adversidades da vida?

A felicidade pronta, embrulhada para presente com um bonito laçarote não
existe. Não é possível determiná-la como algo contínuo. O termo “sou
feliz” simplifica a vida, tira-lhe o brilho, desencoraja os seres humanos
a buscarem a verdadeira felicidade, que não é um rio caudaloso, mas sim
intermitente, pois as suas águas secam com a estiagem. Assim são os seres
humanos: bipolares. Hoje declaram que são abençoados com a graça da
felicidade, mas diante a primeira decepção, não o afirmam com a mesma
convicção. “Horácio”, poeta latino da Antiguidade, diz que “não há
felicidade perfeita”, e está aí a graça do mundo, pois é possível
procurá-la. Onde? No efêmero abraço amigo, por exemplo. Ou naquele beijo
tão aguardado, seguido do contundente “eu te amo”. Momentos fugazes
constroem a felicidade que está ao alcance de todos, mas ela pode desabar
como um castelo de areia.

O ser humano que é feliz credita a sua felicidade a si próprio, mas
esquece que para se considerar como tal, depende do outro. Não é possível
sentir-se completo longe dos entes queridos, amigos, amores. Como também
não há fórmula para manter a tristeza distante. As tragédias acabam com o
mito de que as pessoas auto-suficientes desfrutam da felicidade perene. No
mundo há os que passam fome, os que matam inocentes em nome da fé e
problemas climáticos que ameaçam a vida na Terra. É possível “estar
feliz”, apesar dos percalços, entretanto, a plenitude desse sentimento é
ilusória, já que sofre a influência da dor do outro.

A felicidade é constituída de pequenos momentos felizes, fugazes,
efêmeros. É um estado de espiríto que se alterna conforme o calor das
emoções. Ninguém é feliz, mas está, se não encontra empecilhos aos seus
sonhos. E sonhar é estar em busca dessa tal felicidade que não existe,
mas que nem por isso deixa de ser a razão de viver do homem.