terça-feira, 9 de dezembro de 2008

F E L I C I D A D E

Dissertação escrita para a oficina de "Leitura e produção textual", ministrada pela fenomenal Professora Cinthia.


A FUGACIDADE DA FELICIDADE

Vinícius Gustavo Pinheiro Guimarães
Letras/ Inglês


A FUGACIDADE DA FELICIDADE

"Tristeza não tem fim”, escreveu “Vinícius de Moraes”, numa de suas
composições. E completou: “felicidade, sim”. Partindo deste pressuposto,
como é possível que muitas pessoas pensem que a felicidade é um estado de
espírito permanente, sendo tão frágeis diante das adversidades da vida?

A felicidade pronta, embrulhada para presente com um bonito laçarote não
existe. Não é possível determiná-la como algo contínuo. O termo “sou
feliz” simplifica a vida, tira-lhe o brilho, desencoraja os seres humanos
a buscarem a verdadeira felicidade, que não é um rio caudaloso, mas sim
intermitente, pois as suas águas secam com a estiagem. Assim são os seres
humanos: bipolares. Hoje declaram que são abençoados com a graça da
felicidade, mas diante a primeira decepção, não o afirmam com a mesma
convicção. “Horácio”, poeta latino da Antiguidade, diz que “não há
felicidade perfeita”, e está aí a graça do mundo, pois é possível
procurá-la. Onde? No efêmero abraço amigo, por exemplo. Ou naquele beijo
tão aguardado, seguido do contundente “eu te amo”. Momentos fugazes
constroem a felicidade que está ao alcance de todos, mas ela pode desabar
como um castelo de areia.

O ser humano que é feliz credita a sua felicidade a si próprio, mas
esquece que para se considerar como tal, depende do outro. Não é possível
sentir-se completo longe dos entes queridos, amigos, amores. Como também
não há fórmula para manter a tristeza distante. As tragédias acabam com o
mito de que as pessoas auto-suficientes desfrutam da felicidade perene. No
mundo há os que passam fome, os que matam inocentes em nome da fé e
problemas climáticos que ameaçam a vida na Terra. É possível “estar
feliz”, apesar dos percalços, entretanto, a plenitude desse sentimento é
ilusória, já que sofre a influência da dor do outro.

A felicidade é constituída de pequenos momentos felizes, fugazes,
efêmeros. É um estado de espiríto que se alterna conforme o calor das
emoções. Ninguém é feliz, mas está, se não encontra empecilhos aos seus
sonhos. E sonhar é estar em busca dessa tal felicidade que não existe,
mas que nem por isso deixa de ser a razão de viver do homem.

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

A Hora da Estrela



Estou brigando com ela!



CLARICE LISPECTOR


Um convite à loucura sã!

I believe in my dreams



Amigos!

Participarei do concurso literário promovido pelo "Barco a vapor". Preciso criar uma obra direcionada ao público infanto-juvenil. O prêmio é a publicação da história, mais um contrato com a editora, que pagará R$ 30.000,00 sobre os direitos autorais do livro. Pretensão ou não, vou viajar pelo mundo das palavras. "I believe in my dreams!"


sábado, 4 de outubro de 2008

Diário de Bordo II



Às vezes acredito estar sonhando. Férias! Depois de um ano conturbado, enfim tenho a paz de espírito que sempre pedi a Deus. Não é presunção. São apenas constatações de um servidor municipal desgostoso com o local de trabalho, remuneração e função que exerce junto à Prefeitura Municipal de Bauru. O funcionalismo público pode parecer atraente àqueles que sonham com estabilidade, vêem a burocracia com bons olhos ou pensam que repartições funcionam como "cabides" de emprego. Quero que outros horizontes se descortinem aos meus olhos. Acreditem, faco a minha parte... antes de pedir algo aos céus!

A Ciretran continua em greve! A minha carta de motorista ainda é uma incógnita.

Domingo é dia de exercer a democracia. Clichê ordinário para lembrá-los de que temos eleições no próximo dia 5. Graças a Deus, não terei mais carros de som estacionados em frente ao meu portão, entoando patéticas paródias musicais:

" Já votô, já votei!, Caprichô?, Caprichei!", vamo elegê "fulano de tal" mais uma vez"...
" Já votô, já votei!, Caprichô?, Caprichei!", vamo elegê "fulano de tal" mais uma vez"...

Descobri que o meu antigo vizinho, "Pastor João", candidatou-se a vereador. Certa vez, ele me pediu para que fizesse um cartaz, informando que o culto seria realizado às segundas, quintas e sábados, a partir das 20 hs. Cometi um equívoco ao redigir o informativo, colocando o horário dos cultos às 19:30 hrs, e não conforme havia me orientado. Pedi mil desculpas e prontifiquei-me a redigir outro cartaz. "-Não!, - disse ele com aparente segurança. - Com o culto começando às 19:30, posso dormir mais cedo! rs.

Durante a madrugada, a internet transforma-se no mundo dos noctívagos, povoado por aqueles que estão deprimidos, pessoas que estão à procura de parceiras ou parceiros para atividades sexuais, desempregados que não têm a necessidade de acordarem cedo ou pessoas que trabalham à noite e descansam após o nascer do sol. Represento a categoria dos indíviduos que gozam de liberdade temporária. "Vacation" - 36 dias.

Ultimamente tenho ido dormir às 3 da manhã. O impressionante é que acordo às 8:30, com as energias repostas, não necessitando descansar até ao meio-dia, como geralmente fiz nas férias do ano passado.


Conheci algumas pessoas nas salas de bate-bapo da UOL, mas após a meia-noite todos assumem personalidades que não condizem com o que realmente são. É difícil entabular diálogo, mas consigo me divertir. A pergunta que mais me fazem é: "Tem carro?"


Comprei um livro de contos de "Machado de Assis". Paguei R$ 6,00. Recomendo o sebo da Rua Antonio Alves, próximo à Praça Rui Barbosa. Limpo, organizado e com um excelente acervo. Prato cheio para qualquer estudante do curso de Letras ou leitores de qualquer natureza.


sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Gramática I : Por que?



Por que


Pode ser usado com o sentido de “por qual razão” ou “por qual motivo”, e trata-se da junção da preposição por + o pronome interrogativo que:


Exemplos: Ainda não sei por que você não foi ao clube ontem.
Por que comprar um apartamento em Bauru, se podemos morar em Agudos?

Ainda pode ser empregado quando se tratar da preposição por + pronome relativo que e, neste caso, será relativo à “pelo qual”, “pela qual”, “pelos quais”, “pelas quais” ou ainda “para que”:

Exemplos: A estrada por que passei de carro não era asfaltada.
Caso resolva voltar , que seja por que está certo de que é o melhor a fazer.

Por quê

O uso do por quê é equivalente ao “por que”, porém, é acentuado quando vier antes de um ponto, seja final, de interrogação ou exclamação:

Exemplos: Ficar na USC até mais tarde, por quê?
Não sei por quê.

Porque

O termo porque é uma conjunção causal ou explicativa e o seu uso tem significado aproximado de “pois”, “já que”, “uma vez que” ou ainda indica finalidade e tem valor aproximado de “para que”, “a fim de”.

Exemplos: Vou estudar para a prova de Inglês porque amanhã teremos avaliação. (conjunção)
Não faça mal a ninguém porque não façam a você. (finalidade)

Porquê

Quando aparece nessa forma o porquê é um substantivo e denota o sentido de “causa”, “razão”, “motivo” e vem acompanhado de artigo, adjetivo ou numeral:

Exemplos: Confesse o porquê de sua mudança de comportamento.
Tenho um porquê para ter mudado: fui traído pela minha namorada.


Fonte: NETO, Pasquale Cipro; INFANTE Ulisses. Gramática da Língua Portuguesa. Editora Scipione.

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Anti-heróis

Oh, e agora quem poderá nos defender?

As eleições municipais me trazem à lembrança alguns acontecimentos políticos antológicos.

Agudos, como toda cidade de pequeno porte, tem as suas celebridades políticas instantâneas.

Exemplos ilustrativos (e verídicos) são:

  • A candidata que prometeu sair nua (pelada) às ruas, caso conseguisse eleger-se vereadora.
Ela teve expressivo número de votos, mas não se elegeu.

  • O candidato que foi reprovado na avaliação que o habilitaria a disputar as eleições. Escreveu as palavras: ezame, eleisões, e asfauto.
Após o resultado, declarou ser vítima de preconSSeito.

  • Um político querendo reeleger-se, declarou que os moradores do Jd. Vienense eram os responsáveis pelo seu quarto mandato consecutivo. Afirmou alto, em bom som para quem quisesse ouvir: "Enquanto houver prostituta e bêbado na Vila Vienense, serei sempre vitorioso nas urnas". A declaração causou revolta na base eleitoral do candidato. Resultado: o homem reelegeu-se pela quinta vez.

Não consegui parar de rir enquanto me lembrava dessas passagens. Melhor apertar o "pause".





domingo, 28 de setembro de 2008

The Mist

Como um dos itens indispensáveis a toda as pessoas que planejam um roteiro de férias, resolvi ir ao cinema. Não sabia o que estava em cartaz no Shopping e dentre as opções que encontrei, escolhi "The Mist" (O nevoeiro), adaptação do livro de Stephen King. É estranho, mas não consegui chegar a uma conclusão sobre o filme. Após uma terrível tempestade, a cidade de Maine é invadida por um nevoeiro. No mercado local, as pessoas se dão conta de que algo estranho acontece. Começa a luta pela sobrevivência, já que monstros alienígenas vindos de algum lugar do espaço estão à espreita. O filme é regado a sangue. Bichos cheios de tentáculos, insetos gigantes e aranhas de espécies desconhecidas são presenças marcantes em toda a história. Como em todo bom enredo, há o protagonista (herói), a mocinha e o garotinho indefeso. Todavia, quem mais chamou a minha atenção foi uma destemida velhinha, que apesar da idade avançada, mostrou-se a mais lúcida dos sobreviventes. A cena em que a simpática idosa fica frente à frente com um dos monstros é hilárea. O desfecho da aventura é decepcionante. Mas assistam para que possam tirar as próprias conclusões. Agora estou certo de que não gostei.

sábado, 27 de setembro de 2008

DIÁRIO DE BORDO I



Tenho acordado às 8 horas da manhã. Após o "breakfast", coloco em dia as leituras prévias da faculdade. Ultimamente os professores têm exigido que cheguemos à sala de aula com os textos lidos, exercícios respondidos e anotações feitas. Mas nem só de suas obrigações acadêmicas vive o homem. Durante o dia também ouço música, faço download dos episódios de "Lost", escrevo e-mails, mexo nas configurações do BLOG, vou ao centro da cidade comprar DVD "pirata" (p/ fomentar o trabalho informal), chego mais cedo à USC, etc. Devagar, organizo a minha vida. Recupero a serenidade, perdida nos últimos anos de trabalho escravo prestados à Prefeitura Municipal de Bauru. Trato do nervos, arrebentados no atendimento da Secretaria de Finanças. Volta-me o sangue frio, para pensar com calma sobre metas. "I fell free, folks".

Com a CIRETRAN em greve, a minha carta de motorista ainda é uma incógnita.

A cidade de Agudos anda empolvorosa com a proximidade das eleições. Observo isso nas ruas.

Retomei o estudo intensivo em Inglês. Agora não só resolvo vários exercícios de gramática Inglesa, como também leio com voracidade textos em Inglês, ouço "listenings", navego em sites norte-americanos e pratico conversação sozinho, dialogando com a minha consciência, rs. "I want to be an english teacher in the future", mas para isso é necessário disciplina, dedicação e paciência.

A postagem está politicamente correta, then I need to say: I hate "Poupatempo"! Só para não perder o costume, rs.

Nas férias do ano passado, acabei me tornando um sedentário e ganhando 7 quilos de pura gordura.

Pretendo escrever um conto. Antes, quero ilustrá-lo com um curta-metragem que produzirei com a opção de vídeo de uma câmera digital. Os personagens serão baseados em pessoas que conheço.

Sei que meia dúzia de gatos pingados lêem o que escrevo, mas volto a reiterar que o BLOG foi criado exclusivamente para o exercício de produção textual. Não é meu propósito colecionar admiradores, críticos ou seguidores de qualquer natureza, e sim, aperfeiçoar a arte da escrita, imprescindível a todo professor de Língua Portuguesa. Mas fico satisfeito com o aumento do número de visualizações.

Em breve, colocarei postagens com orientações sobre como redigir textos. Dicas importantes sobre as "irmãs ariscas": coesão e coerência. Quero compartilhar com aqueles que tiverem interesse, o conhecimento adquirido no curso de Letras.

A moça tecelã

Recentemente, escrevi uma análise literária do conto "A moça tecelã", da escritora Marina Colasanti. O texto foi entregue na aula de "Teoria da Literatura II", como exercício de classificação dos elementos da narrativa: enredo, personagem, tempo, espaço e narrador.

ANÁLISE

A moça tecelã é apresentada ao leitor como elemento integrante de um enredo que se inicia ao sublime amanhecer. O tear é habilmente manipulado pela personagem, que dá forma, vida e cor a tudo o que brota de sua imaginação. As forças da natureza se submetem à magia do trabalho incansável da protagonista: tece a chuva com os grossos fios cinzentos de algodão, tece a luz do sol a partir dos seus fios dourados e se tem fome, tece um suculento peixe para saciar-se.

Enredo e personagem se entrelaçam num ambiente bucólico, criado sob uma atmosfera fantástica, irreal, inatingível. Mas enfim chegou o dia em que a solidão se fez presente, tão real quanto o que era criado pelas hábeis mãos da moça tecelã. Sentindo-se sozinha, teceu um companheiro para afagar-lhe o coração. É possível surpreender-se com a personagem, pois não abre mão da condição humana, reservando para si o direito de amar e ser amada.

A história é permeada de novos enlaces: enfim um companheiro, mas com olhos transbordando de ambição. A protagonista é convencida a tecer um palácio para satisfazer o vil desejo de um homem que não a amava. “Tecia, tecia, tecia e entristecia”. Passava os dias a tecer, sozinha. A personagem, que evolui em todo o enredo, coloca um ponto final em sua agonia e desfaz todo o tecido que compunha a situação infeliz
na qual se encontrava.

O conto "A moça tecelã" está disponível na página:

http://www.construirnoticias.com.br/asp/materia.asp?id=673

domingo, 21 de setembro de 2008

O Conde de Monte Cristo

É Díficil imaginar uma história em que o desejo de vingança seja tão latente, irresistível e envolvente, quanto no livro "O Conde de Monte Cristo". Comecei a relê-lo, e é a minha sugestão de leitura àqueles que querem embarcar numa viagem permeada de aventuras, romance e intrigas, elementos que estão sob a égide do destino. "Edmundo Dantes", vitíma das armações diabólicas daqueles que o viam como empecilho aos seus interesesses, não descansará em paz até poder vingar-se. Rico, culto e não mais ingênuo, retorna anos depois e arquiteta um ardiloso plano para cobrar uma dívida do passado.

Uma das tramas mais empolgantes que conheço!


domingo, 14 de setembro de 2008

Coices, almas gêmeas e Alexandra.


Às vespéras dos tão esperados trintas e seis dias de férias, quero compartilhar com os poucos amigos que acessam o Blog, algumas curiosas histórias. Lidar com o público conferiu-me traquejo social, visto que sempre fui tímido, introvertido e um tanto quanto distraído. São reproduções fiéis de atípicas histórias com doses de humor, constrangimento e tensão. Sim, tenho pretensões literárias, mas isso a longo prazo. Por enquanto, sirvo alguns "aperitivos" de passagens interesses do cotidiano de um Orgão Público Municipal.

(O COICE)

- Olá, bom dia! - exclamou Vinícius, animadamente. - Em que posso ajudar?

- Olá! - respondeu a contribuinte, puxando a cadeira para sentar-se. - Recalcule a parcela referente ao mês de JUNHO, por favor. - disse ela, entregando-lhe o carne de IPTU de 2008.

O atendente verificou que a parcela de IPTU referente ao mês de JULHO não constava paga no sistema, todavia na guia do carnê havia a autenticação bancária, sem a respectiva data do pagamento.

- Senhora, sabe me dizer em que dia foi paga a parcela de JULHO? - indagou o atendente, tentando descobrir se o sistema não havia efetuado a baixa do recolhimento referente à parcela 06 (seis).

Do alto de sua arrogância, a contribuinte empertigou-se para frente, apoiando as mãos na mesa do funcionário. Sem pesar as palavras, respondeu:

- Escute, não me interessa em que dia foi paga a parcela de JULHO. Eu lhe pedi que recalculasse a parcela de JUNHO. Ande logo com isso, que estou com pressa!



"DOIS EM UM"

- Foi o seu guichê que chamou a senha H1022? - indagou o contribuinte, um tanto quanto confuso.

- Sim! - confirmou o atendente, fazendo sinal para que o rapaz se sentasse. - Em que posso ajudá-lo?

- Sou corretor de imóveis e quero solicitar a senha online para ter acesso ao cadastro imobiliário da Prefeitura através da internet.

- Certo. - respondeu Vinícius, notando que havia algo de errado com o homem. Talvez a voz, com o timbre incomum.

- Aqui está a documentação - disse o sujeito, passando às mãos do funcionário a cópia de seu RG, CPF, Creci e número de inscrição municipal.


- Um minuto - pediu Vinícius, sentindo-se entediado com a monotonia de sua funcão. Aproveitou para checar os seus e-mails, pois mesmo em atendimento, conseguia esquivar-se rapidamente do trabalho para tratar de assuntos pessoais. Lidas as mensagens do seu correio eletrônico, resolveu dar atenção ao contribuinte. Ao preencher os dados pessoais do requerente no sistema, percebeu que o nome que constava no RG e CPF do dito cujo era "ALEXANDRA".

- O cartório de registro civil errou ao registrá-lo como "ALEXANDRA"? - quis saber o distraído atendente.

- Não - redarguiu o "rapaz" - Nasci com os dois sexos.

- Ah, nasceu com dois sexos? - perguntou retoricamente o funcionário, tentando aparentar naturalidade.



"ALMA GÊMEA"

- Olá, boa tarde - disse a simpática senhora.

- Boa tarde! - cumprimentou o atendente.

- Quero parcelar o meu IPTU - comentou ela, com um ligeiro sorriso nos lábios.

- A senhora é a proprietária do imóvel? - questionou Vinícius, sem grande interesse.

- Sim. - confirmou a idosa. - Acabei de registrar o formal de partilha.

Após apurar o valor do débito, o funcionário apresentou os planos de parcelamento.

- Quero parcelar em doze vezes - pediu a senhora, entusiasmada.

- OK - respondeu Vinícius, entediado.

De repente, a velhinha pôs-se a falar desordenadamente, como se há tempos estivesse à procura de alguém que a ouvisse.

- Eu me separei após ter completado trinta anos de casada - confessou ela, remoendo lembranças ainda vivas.

- Mas apesar de velha, ainda tenho fé que vou encontrar a minha cara-metade. O sangue ainda corre nessas veias, sabia?

Por mais que tentasse, o atendente não conseguia desvencilhar-se da mulher, que agora falava dos filhos, que a tinham apoiado a morar sozinha.

- Essa aqui é minha filha. - disse, mostrando a Vinícius a foto 3x4 da filha que levava na carteira. - Ela não é linda?

"Linda?", pensou o rapaz, impressionado com os olhos, boca e nariz desproporcionais da moça. Era conveniente concordar, tendo em vista que toda mãe vê o quão belo é o filho, mesmo sendo ele a mais horripilante das criaturas.

- Sim. - confirmou ele - Lindíssima!

- Eu moro próxima ao Shopping. - informou, desta vez voltando toda a sua atenção para o atendente. - É como eu lhe disse a pouco, preciso encontrar a minha alma gêmea.

- A senhora vai encontrá-la - sentenciou o funcionário, não sabendo como colocar um ponto final no rumo daquela prosa.

- Você não gostaria de me visitar em casa qualquer dia desses? - indagou corajosamente a senhorinha, como se houvesse ensaiado mentalmente aquela pergunta desde que havia sentado em frente ao jovem.

- Visitá-la? - redarguiu Vinícius, tímido. - Sim, qualquer dia apareço para tomarmos um café.

- O endereço você já tem aí em seu sistema - lembrou, mostrando-se interessada. Espero vê-lo em breve.

Após assinar o termo de parcelamento, retirar as parcelas e concluir o serviço, a ousada velhinha levantou-se, apertou a mão de sua "presa" e sorriu, exibindo os brancos dentes, que não pareciam dentadura.

domingo, 7 de setembro de 2008

"EL CHAVO"



Fenômeno em toda América Látina, o seriado "Chaves" encanta pelo humor despretensioso, ingênuo e atemporal. Assisti a todos os episódios exibidos pelo SBT e não me canso de rir das situações cômicas vividas por cada um dos personagens do cortiço. Dentre tantas passagens hilárias, resolvi elencar três que considero imbatíveis:

1º Todos estão sentados à mesa tomando café da manhã no restaurante de Acapulco. Kiko e Chiquinha começam a discutir, mas são repreendidos por Dona Florinda, que visivelmente incomodada diz ao filho: - Tesouro, pare com essa discussão. Estamos num hotel de luxo, não na casa do seu Madruga. (rsrsrsrs). Seu Madruga, sentido-se ofendido com o comentário da "cara de vela derretida" responde: - O que é que foi?, o que é que foi?, o que que há?. Por que comparar esse refinado hotel com a minha humilde casinha? Seria a mesma coisa que comparar a Maitê Proença com a senhora. (rsrsrsrs).

2º O Professor Girafales é picado pelo escorpião que estava escondido no sofá da sala. Dona Florinda, desesperada, pede ao Kiko que pegue o livro de primeiros-socorros que está sobre o armário. O "buchechas de budogue velho" não percebendo a agonia da mãe, volta a meio caminho, e com interesse pergunta: - Depois que terminar de ler você me empresta?. (rsrsrsrs)

3º Dona Florinda volta do salão de beleza com um novo penteado, e se desculpa com o Professor Girafales que há tempos a aguardava: - Desculpe, demorei por que estava no salão de beleza. O "Mestre Linguiça", impressionado com o resultado final do novo corte de Dona Florinda, pergunta: Por que não os processa?. (rsrsrsrs)

Todos têm um episódio favorito e posso dizer sem titubear que o meu é "A festa da boa vizinhança". Há muito tempo, li uma monografia de estudantes de jornalismo, que se transformou no livro chamado:
"Chaves - Foi Sem Querer Querendo?. Neste livro, encontramos uma infinidade de particularidades sobre um dos seriados mais populares do mundo.

Você não soube? Não te contaram? Não te disseram?

"Chaves", será um tema constante nesse BLOG!

PS: Dedico esta postagem ao meu amigo "Gustavo Freitas", que é um dos maiores especialistas em "Chaves" que conheço.


domingo, 31 de agosto de 2008

A Múmia 3


Hoje fui ao cinema assistir "A Múmia 3 - Tumba do Imperador Dragão". Havia assistido aos dois primeiros filmes que são ambientados no Egito, em meio às histórias de faráos, pirâmides e hieróglifos. Entretanto fiquei decepcionado com a múmia chinesa. O enredo do filme é fraco, a atriz que interpretou a esposa de O'Connell anteoriormente, foi substituida por outra com mais idade e a múmia, desta vez, não é tão assustadora. Os efeitos especiais não trouxeram novidades. Tudo indica que ainda teremos a múmia latina, pois a história termina com insinuações sobre a existência de algumas lá para os lados do Peru. Quem ainda não viu, não perdeu nada! Faltou um pouco mais de "conteúdo" a essa super produção.

domingo, 24 de agosto de 2008

Os meus avós



Foto dos meus avós, tirada em 1948. Qualquer semelhança comigo, não é mera coincidência.

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

"O travesti e eu"


Lido diariamente com devedores que culpam a Prefeitura pelos seus infortúnios. Os buracos do asfalto, o IPTU com valor abusivo, a incompetência administrativa do Prefeito, enfim, uma infinidade de reclamações COM e SEM fundamento. Certa vez, ainda no "Palácio das Cerejeiras", atendi um travesti chamado "Claudia". Eu o saudei com o costumeiro "Bom dia!", mas em seguida fiquei em dúvida se o chamava pelo respeitoso pronome de tratamento "Senhor", levando-se em conta a sua natureza biológica, ou "Senhora", termo mais apropriado ao que ele próprio acreditava ser. Acabei optando por tratá-lo como homem. Ressabiado, perguntei: Posso ajudá-lo, SENHOR? Ele, com o humor negro característico a todos os travestis mal humorados, respondeu: "Você é médico?, pois na semana passada descobri que tenho um tumor na cabeça". Era para ter soado como uma piada, mas "ele/ ela" percebeu que a frase surtiu sobre mim o efeito inverso. Claudia, que na realidade chamava-se "Claudio", emendou dizendo que não tinha como pagar os IPTUs em atraso, pois estava desempregada e doente. Realmente, a coitada (o) não parecia estar vendendo saúde.

A voz rouca, grave, quase estridente, revelava uma "mulher-homem" cansada, desiludida com a vida e jogada à própria sorte. Ouvi pacientemente todas as suas lamentações, que sempre giravam em torno dos problemas familiares. O preconceito, a indiferença e o mal juízo que faziam dela. Os clientes que deixaram de procurá-la. O medo que tinha de ser agredida nas ruas. Os olhares curiosos que despertava nos transeuntes (calma, são apenas pessoas que caminham). Ainda havia o tumor recém descoberto. Eram muitas cruzes para uma só pessoa carregar. Com mais de cinquenta anos, a velha prostituta, como "ele/ela" mesmo havia declarado, não tinha mais a quem recorrer. Segundo, "Claudia", o seu voto ajudou a eleger "Tuga Angerami", e por essa razão, estava alí na Prefeitura para pedir socorro. Havia tanta química em seu reluzente cabelo loiro (com raízes pretas), que os meus olhos ficaram marejados e logo começaram a arder. Em relação ao IPTU em atraso, nada pude fazer. Não posso dar desconto, e só parcelamos se o contribuinte puder pagar a primeira parcela à vista. Triste... Em época de eleições, as minorias sempre são ouvidas por políticos que são verdadeiras aves de rapina. Esse texto não era p/ ter cunho político-moral, mas veio a calhar, rs! As "Claudias" da vida serão finalmente ouvidas. Espero apenas que elas tenham título de eleitor. O travesti em questão, foi embora frustrado.

sábado, 16 de agosto de 2008

A cidade do Sol

Terminei a leitura do livro "A cidade do Sol". É triste!, mas é fiel à realidade do povo afegão. Leiam!

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

"A cidade do Sol"


Estou terminando a leitura de "A cidade do Sol", livro também do escritor afegão Khaled Hosseini. Recentemente, postei um comentário sobre "O caçador de pipas", mas não há razão para compará-los, pois apesar de estarem ambientados nas mesmas terras cinzentas do Afeganistão, tecem enredos distintos. Dessa vez, temos "Mariam" e "Laila" como as personagens centrais da história. Não são mulheres comuns. São rochas, capazes de suportar todo o tipo de violência, seja ela doméstica, praticada pelo punho do próprio marido, ou mesmo a que está envolta à fumaça negra da guerra. Impressionante o quão humilhante foi a situação da mulher afegã durante o regime talibã. Não tinham direitos civis, podiam sair às ruas apenas com a vestimenta apropriada, ou seja, a burca, e não frequentavam a escola. Aquelas acusadas de adultério, eram apedrejadas em praça pública até a morte. Após ler o último capítulo e conhecer o desfecho da trama, colocarei uma parte da sinopse aqui no blog, com a intenção de despertá-los para para uma visita ao Oriente Médio.

domingo, 10 de agosto de 2008

"The secret friend"


Esse foi o dia da revelação do amigo secreto na Prefeitura, em dezembro de 2007. Tirei a Kátia, a gordinha simpática de blusa azul que ostenta um colar no pescoço. O colar foi presente meu, junto com um CD dos Bee Gees e um par de brincos, comprados com a ajuda da Vera, agora funcionária do Procon. Para a minha grata surpresa, quem me tirou foi a irmã ingrata que gosto muito (Patrícia), e me presenteou com uma mochila muito bacana, que eu tive o azar de rasgar(sem querer), três semanas depois. Todas as pessoas da foto são especiais e fazem parte de minha vida. A PMB é um lugar de ócio, mas também de muita diversão, rs!

Essa música é um refrigério para alma.

Fix You

Coldplay

When you try your best, but you don't succeed,
When you get what you want, but not what you need,
When you feel so tired, but you can't sleep
Stuck in reverse

And the tears come streaming down your face
When you lose something you can't replace
When you love someone, but it goes to waste
Could it be worse?

Lights will guide you home
And ignite your bones
And I will try, to fix you

And high up above or down below
When you're too in love to let it go
But if you never try, you'll never know
Just what you're worth.

Lights will guide you home
And ignite your bones
And I will try, to fix you.

Tears stream down your face,
When you lose something you cannot replace
Tears stream down your face
And I...

Tears stream down your face
I promise you I will learn from my mistakes
Tears stream down your face
And I...

Lights will guide to home
And ignite your bones
And I will try to fix you.

Secretaria de Economia e Finanças


Prestes a completar dois anos de funcionalismo público, alego que não há razão para comemoração, pois se funcionário público é vagabundo, nós, da Secretaria de Economia e Finanças, fugimos à regra.

Dissertação: "O desenvolvimento sustentável" (Vinícius Guimarães)

Esse texto dissertativo argumentativo foi escrito para ser entregue na aula de "Morfossintasse II". (Letras - USC). O tema é "Desenvolvimento e preservação ambiental: como conciliar os interesses em conflito?"

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
Produto interno bruto, desenvolvimento econômico e renda per capita são metas a serem alcançadas por qualquer nação que queira se firmar como potência mundial. Desmatamento, poluição e aquecimento global são todo o lixo jogado por baixo do tapete. A economia capitalista visa o lucro, e trabalha com o princípio de que os fins justificam os meios. A sobrevivência num mundo globalizado não é sustentada apenas pelo poder de consumo, já que a possibilidade de vida no planeta Terra também está ligada à existência da fauna e flora. Mas como um país pode desenvolver-se sem "ceifar" a natureza?
Responder a essa indagação é um desafio, pois é preciso levar em consideração a necessidade de desenvolvimento de muitos países do terceiro mundo. O setor industrial é o que mais polui, devasta e gera danos à natureza, em contra-partida, é o que mais emprega, exporta e investe (principalmente em tecnologia). Muitas industrias madeireiras, por exemplo, trabalham o reflorestamento. Após a derrubada de uma árvore, outra é imediatamente plantada no local. Isso revela respeito ao meio ambiente, e garante prosperidade à economia. É notório a preocupação de determinadas empresas em criar produtos biodegradáveis, chamando a atenção do consumidor, que a cada dia torna-se mais consciente do seu papel junto à luta para diminuir os impactos naturais.
O protocolo de Kioto, tratado assinado por vários países em 1997, tinha a intenção de reduzir a emissão de gases nocivos à atmosfera. A tentativa era diminuir os efeitos causados pelo efeito estufa. O mundo preocupava-se então com as consequências do desenvolvimento industrial desenfreado. A "saúde" do planeta passou a ser tema de debates polêmicos entre nações que possuiam interesses antagônicos, mas que precisavam lutar em conjunto para encontrar soluções que garantissem a preservação da vida na Terra. E isso significava poluir menos. A medida de urgência para diminuir a poluição causaria impacto na economia mundial, entretanto, amenizar os desastres climáticos tornar-se-ia também uma prioridade.
O capitalismo, sistema sócio-político-econômico que impera no mundo, define o lucro como a maior de suas prioridades, e isso, à custa da vida de animais que estão em extinção, matas silvestres devastadas e rios poluídos. É possível conciliar interesses, desde que a natureza são seja deixada em segundo plano. Economia aliada à preservação ambiental, é o que se pode chamar de "desenvolvimento sustentável".

sábado, 9 de agosto de 2008

Vinícius "O banguela"


Imaginem, acabei de extrair um dente. A dentista disse que chegamos à parte estética do tratamento, e isso inclui ficar banguela por um curto espaço de tempo. Esse "curto espaço de tempo" pode significar três meses. Provavelamente, estarei mais sério que o habitual essa semana. Ninguém gosta de exibir a "banguelice". Mas enfim, para conseguir um sorriso "colgate" é preciso abrir mão da vaidade, permitir-se estar feio, ou, pelo menos, sentir-se assim. Ainda tenho o gosto de sangue na boca, e pontos, muitos pontos. "Todo mundo espera alguma coisa, ... de um sábado à noite", já diz a canção. Não espero nada deste sábado. Logo, o efeito da anestesia vai passar, e terei então que me dopar de tanto analgésico. Que fique bem claro que não extraí o dente da frente, mas um que geralmente está próximo. Terei que colocar a corrente para fechar o espaço, e assim, ajustar a linha média. Cansei de usar aparelho!

domingo, 3 de agosto de 2008

"O caçador de pipas"




























Tenho o hábito da leitura, mas
infelizmente não tenho o tempo que gostaria para poder transitar pelos caminhos fantásticos da ficção. Se quero fugir do mundo, das pessoas, problemas e preocupações, logo pego um livro para me fazer companhia. Isso é terapêutico, acreditem! Os benefícios da leitura são visíveis no campo das idéias, tendo em vista que ler aumenta nosso repertório de conhecimento; no campo da escrita, já que nos tornamos mais articulados na arte de traduzir em palavras todos os nossos pensamentos; no campo da comunicação, pois a intimidade com o texto escrito nos deixa mais desenvoltos, seguros e prolixos. O intuito desse texto é convencê-los a descobrirem "O caçador de Pipas", obra do escritor afegão Khaled Hosseini. Best-seller, merecidamente reverenciado pelo público e crítica. Ao ser perguntado pelos meus colegas de trabalho sobre o que gostaria de ganhar em meu aniversário, categoricamente respondi: "Quero ganhar O caçador de Pipas". Comecei a ler no mesmo dia em que o recebi, e posso assegurar-lhes que é uma das histórias mais emocionantes das quais já tomei conhecimento. Capaz de arrancar lágrimas do mais insensível dos seres humanos. Sou homem o bastante para admitir que meus olhos ficaram marejados em muitas passagens da história. Não quero revelar detalhes do enredo, entretanto, posso adiantar que o tema gira em torno dos valores humanos como: amizade, sinceridade e lealdade.

"
Amir" e "Hassan" são os personagens centrais do livro. "Amir"é rico, inteligente e inseguro. "Hassan" é pobre, leal e corajoso. A guerra no Afeganistão serve como cenário para a amizade dos garotos que logo tornam-se homens. Descobri que há muito em mim dos dois personagens. Enquanto seres humanos, somos todos falhos, passíveis de erros e acertos. É isso o que o autor tenta nos mostrar em toda a história. Não importa o que tenhamos feito de errado nesta vida, sempre há um jeito de "ser bom outra vez" e consertar o que parece não ter conserto. "Amir" e "Hassan" são capazes de despertar o ódio. Um, pelo caráter duvidoso, outro, pela lealdade submissa. A história é recheada de emoção, drama e realismo. Assisti ao filme, mas não recomendo que assistam antes de lerem o livro, pois não se darão conta da dimensão da genialidade da obra. Você tem um grande amigo? Então leia "O caçador de pipas" e saiba quais são os princípios que regem a verdadeira amizade.