sábado, 18 de abril de 2009


** ARTIGO DE OPINIÃO escrito por Vinícius Guimarães para a aula de Leitura e Produção Textual.



NÁUFRAGOS DE UMA ILHA CHAMADA "DEPRESSÃO"



É preciso mais do que incentivo para fazer com que alguém em estado de depressão se levante da cama e pare de sofrer


Quem não a conhece, pode até pensar que é frescura, mas aqueles que com ela convivem, sabem que é um distúrbio emocional que exige tratamento médico especializado, compreensão e amor junto àqueles que não vêem mais sentido na vida. Os que estão deprimidos sofrem, e as pessoas que os amam não conseguem mais ter uma vida sem preocupações, pois tornam-se reféns da tristeza dos que lhe são importantes. Mas se a depressão é um fenômeno do século XXI, o que se pode fazer para amainar os seus danos, tendo em vista que dentre todas as suas facetas estão as variações bruscas de humor, vontade de morrer e, em determinados casos, ímpeto de matar?

Os seres humanos são poços de sensações. Às vezes, felizes, outras, nem tanto. A experiência de vida de cada indivíduo determina a maturidade emocional com que resolve os seus problemas. Os que são mais vulneráveis têm dificuldade para se recuperar de um fim de relacionamento, a morte de um ente querido ou a frustração do projeto que não se concretiza. Caem em depressão, mergulhados em angústia, desânimo e tristeza. A postura de alguém que convive com o depressivo deve ser firme, porém, é preciso paciência, já que a razão da dor do outro pode ser uma incógnita até àquele que a tem.

O olhar perdido no infinito, como se quisesse vislumbrar o caminho que leva a saída. As lágrimas que rolam pela face, muitas vezes fruto das lembranças do passado. A insônia sem motivo aparente. Na maioria das vezes estão prostrados na cama. Não conseguem estudar, trabalhar ou distrairem-se. Apenas a vontade de estarem sozinhos, calados, absortos em pensamentos que podem descambar em suicídio. Sim, é triste a realidade dos que estão em depressão, pois não há mais gana de viver. Acabam-se os sonhos, a vida social e o convívio familiar. Quem não está inserido neste contexto, prefere diagnosticar estes sintomas como loucura, assumindo posição preconceituosa, ignorante, cruel. Desde que o mundo é mundo, existem homens de alma simplória que preferem minimizar o problema dos outros, a ajudá-los a sair desse torpor que pode não ser momentâneo. Assim não se comprometem, não se deixam enredar por aquilo que o faz o chorar, deixam-no a sós com a solidão.


Certos casos de depressão podem evoluir para o transtorno bipolar de humor. Síndrome caracterizada por mudanças rápidas de comportamento. Hoje, o depressivo está feliz, entusiasmado, eloquente, cheio de planos, agradecendo a Deus a possibilidade de estar vivo. Conta em detalhes as histórias de sua infância, ri com naturalidade e quer a atenção dos familiares. Amanhã, o quadro já não é o mesmo, pois mostra-se cabisbaixo, pessimista, calado, sentindo-se a vítima. Não se sente amado. Estar ao lado de alguém que possui esses "altos e baixos" pode parecer difícil, mas a medida que se vai conhecendo a doença, suas causas e tratamento, é possível conviver com ela pacificamente, amenizar os seus danos e melhorar a qualidade de vida das pessoas que apresentam propensão à tristeza. Mas também é preciso coragem, sangue frio e amor incondicional, pois o depressivo transtornado no auge de sua crise pode ameacá-lo de morte, mas apenas o faz por não atinar no que está falando, já que seus pensamentos estão confusos. O tratamento é feito com anti-depressivos, medicamentos que precisam ser cuidadosamente ingeridos para que os momentos de bem estar sejam prolongados.


Responsabilizar-se pelos naufrágos da depressão é mais do que apenas motivá-los a sair da cama e pararem de sofrer. Palavras de consolo podem não surtir efeito. Se você é pai, filho, irmão, amigo, marido ou esposa de alguém neste estado, é preciso estar presente. Dizer que é importante levantar e lutar pela vida é algo que todo depressivo sabe, mas a sua motivação deve vir de dentro. Então, é preciso emprestar a atenção, o ombro, o sorriso. Fazê-lo entender que a tristeza é um estado de espírito propício à reflexão sobre o que realmente é importante. Apresentar-lhe a palavra de Deus pode ser um caminho. Acompanhe-o. Ame-o, pois a luta apresenta grande probabilidade de vitória àqueles que não se entregam.